quarta-feira, 6 de fevereiro de 2008

Tempo?Nah...Necessidade

Mais um trabalho de imprensa...deste o prof gostou*alívio
Eu também...expressa bem o meu sufoco...ando numa fase de extremos...

Crónica

A maior parte do tempo passa-se a passar o tempo


Proponho-me falar-vos sobre o tempo. Não do mau tempo meteorológico de que agora todos se queixam, embora seja um estado de tempo natural, uma vez que estamos em Janeiro.

Tempo, segundo o dicionário, significa a época actual; meio indefinido e homogéneo no qual se desenrolam os acontecimentos sucessivos; duração. É mais sobre esta duração, curta, que os acontecimentos andam a ter que venho problematizar.

“Vocês nunca irão ter tanto tempo como agora…”, “Aproveitem melhor o tempo, não o desperdicem…”, “Quanto mais tempo têm menos fazem…”, já dizia alguém. Ok, estes conselhos são convenientes, demonstram um sentido prático por parte de quem o diz. Mas quando estamos numa situação em que temos tudo a passar-nos pela cabeça menos uma solução para rentabilizar o tempo que nos resta para fazer tudo o que ainda nos falta, apetece-nos ouvir tudo menos isto: “ Não sei como é possível não teres tempo!”

Assumo que, muitas vezes, não aproveitamos o tempo, não temos como fazê-lo melhor ou não sabemos. “Desisto de viver!”, “Vou cortar os pulsos!”, “Ando à beira de uma depressão ou esgotamento!” Isto pode soar a hipérbole, e de certo modo é violento. São daquelas frases que ninguém leva muito a sério, até à altura em que se vê alguém efectivamente nesse estado. Não estou a dizer que é desta que vou cortar os pulsos, descansem, não o faço, até porque é preciso tempo para isso também. Preferi escrever.

Porquê ser tão difícil ter tempo?! Deve ser porque, no mesmo dia, reúno com o grupo de Atelier de Rádio e chegamos à conclusão que uma hora não chega para fazermos um texto radiofónico sem clichés e editar os RM’s. Mal nos reunimos, o telemóvel não pára de tocar: do outro lado é alguém a perguntar se demoramos muito, porque o grupo de Guionismo está à espera para adaptarmos um conto de Sophia de Mello Breyner para um guião para rádio. Não podemos esquecer que temos pendente a edição da reportagem de vídeo para Atelier de Televisão, a data de entrega está marcada. O que mais me frustra é que, com tantas coisas por fazer, não há nenhuma que possa realmente sair como o imaginado.

Gerir! Não sei, não sabemos. Quer estejamos a falar de tempo ou de outro tema qualquer, gerir é sempre difícil, é decisivo, define o nosso horário, a nossa programação mental, a nossa agenda. Saber estar preparados para o imprevisto é o segredo, mas como o pôr em prática? Quando os professores fazem críticas aos trabalhos que nós apresentamos, concordamos e parecem-nos óbvias. É aí que repetimos para nós mesmos: “Como não me lembrei disto antes?”, acaba por ser a frase mais usada durante o curso.

Agora, com a pressão a esgotar-nos, não tenho alternativa senão a de culpar o tempo. Por isso não dispenso os trabalhos, exijo é mais tempo, não só para fazer bem o essencial, mas para fazer aquilo que nos irá completar.

As relações constroem-se e evoluem à medida do tempo e do espaço que somos capazes de lhes dar. Neste momento, preocupa-me quanto tempo mais as coisas vão permanecer neste standby, prometemos amanhã resolver com mais tempo, porque hoje já são 4h da manhã e temos aulas às 8h30. Um dia com 48 horas era mais justo. Pelo meno,s para se poder dormir mais de cinco horas por dia.

Este também é mais um problema do tempo físico. As 24h do dia não chegam. As pessoas vivem em constante stress, porque saem dum trabalho e correm para o outro, ou porque não conseguem encontrar trabalho apesar das qualificações, já para não falar dos casos em que dispensam pessoas por terem qualificações a mais. Os horários são mesmo apertados, não é implicância. Nem são só os meus horários, falo no geral!

A vida no fundo, também é curta! Desengane-se quem achar que o início da nossa vida adulta, dos 20 aos 30 anos, é a fase mais produtiva e apresentamos maior facilidade de absorção dos conhecimentos e acontecimentos. Partilho da opinião do humorista Herman José, quando diz, sem ironia que é perfeitamente ridículo vivermos 70 ou 80 anos. Segundo os seus cálculos, e os meus também, nós deveríamos viver 400 anos. Os primeiros cem anos seriam para aprender, duzentos para viver intensamente, instruir-se, errar, ter uma vida útil e servir a sociedade. E os últimos cem anos para gozarmos das nossas capacidades, até entrarmos em fade out. Agora, com 60 anos, as pessoas já se têm de conformar porque em breve é como se alguém nos dissesse “Acabou!”. Não é justo, é uma sensação de desequilíbrio grande entre a nossa evolução e o tempo físico de vida.

Mas a duração das coisas não é manipulável. As coisas e alguns momentos foram concebidos para serem e durarem o que duram, e não é um pedido que irá fazer aumentar o tempo. Ou, pelo menos, o meu dia. E depois vivemos em democracia, e esta questão do aumento de tempo não agradaria a todos. Pois para uns o tempo chega e sobra. Sobra tanto, que muitos passam a maior parte do tempo a passar o tempo. Talvez a melhor solução seja contrariar a tendência, fazer desta necessidade, de ter mais tempo, o que não é possível, um desafio connosco próprios. Aliás para desviar as atenções desta questão da falta de tempo, podemos começar por encarar um novo dia como o primeiro dia do resto das nossas vidas, digamos que este pensamento optimista subverte a tendência e poderá funcionar como uma das cores do meu arco-íris que poderão colorir estes dias cinzentos.

http://www.youtube.com/watch?v=W_0P0Q7fZiU


4 comentários:

M. Pinguim disse...

Realmente, está assim um tempo um bocado esquisito. xD

'tou a brincar

MI disse...

huf...ainda bem k ja tivemos uma tempinho p nós!ja n era sem tempo!lol
bora lá outra vez ao trabalkho*Boa sorte;-)

R disse...

Então e escreveres alguma coisa nova?

R disse...

Tá a acordar!